quarta-feira, 11 de junho de 2014

A Educação Indígena e a Jesuítica no Brasil

Um pouco da História do Brasil, nos períodos da "descoberta", por volta de 1500, elencando pontos relevantes que diferenciam a educação e organização indígena encontrada naquela época, e o modelo de educação imposto pelos colonizadores, a partir do texto
  • Saviani, Dermeval. Historia das ideias pedagógicas no Brasil/ Dermeval Saviani. - Campinas, Sp: Autores Associados, 2007. - (Coleção memória da educação). p. 34 à 47. Para a disciplina de Fund. Sócio Hist. Filos. da Educação.
A Educação Indígena

  • Aproveitavam-se de forma coletiva dos meios necessários à sua subsistência, como caça, pesca, coleta de frutos e plantas nativas e algumas plantações como milho e mandioca.
  • Pequenas coletividades unidas por laços de sangue.
  • Eram organizados igualitariamente, e não por classes.
  • Membros eram livres e com direitos iguais, e viviam sobre a propriedade comum da terra.
  • As mulheres tinham seu poder desfavorecido, por conta da sobrecarga de trabalhos domésticos, provocando-lhes também envelhecimento precoce.
  • A cultura se transmitia por processos diretos, oralmente, por meio de contatos primários no interior da vida cotidiana.
  • Não havia instituições especificas organizadas tendo em vista atingir fins da educação.
  • Cada integrante da tribo assimilava tudo o que era possível assimilar, o que configurava uma educação integral.
  • A educação se apoiava sobre três elementos básicos: a força da tradição, a força da ação e a força do exemplo.
  • A idade de um membro da tribo é dividida em 5 grupos ao longo da vida.
  • Dos 7 aos 8 anos tanto meninos quanto meninas eram dependentes da mãe.
  • Os meninos recebiam e aprendiam a manipular dos pais, elementos úteis para os afazeres do dia a dia desde pequenos, incluindo imitar pássaros e atirar com arco e flecha, além de outros jogos e atividades.
  • As meninas também residiam com as mães e, assim como os meninos, eram divididas em grupos de idade, onde tinham que aprendem a fiação de algodão e o amassar do barro moldando panelas e potes.
  • Dos 7 ao 15 os meninos já não ficavam em casa, deixavam de depender da mãe e passavam a acompanhar o pai, que se torna seu modelo e com o qual se prepara para a vida de adulto tomando parte em seu trabalho. As meninas aprendem a semear e plantar, fiar e tecer, fazem farinhas e vinhos, cozinham e preparam alimentos.
  • Entre 15 e 25 anos era a fase de participação mais ativa nas atividades dos adultos, incluídas as cerimonias de iniciação, após as quais as jovens podiam entreter aventuras amorosas e contrair matrimonio. Rapazes participando ativamente nas expedições guerreiras, caça pesca, fabricação de flechas e prestando serviços nas reuniões de velhos, e as moças auxiliando as famílias nas atividades femininas e assimilando, de forma prática as vivências e os papéis.
  • O casamento só era permitido após certo tempo, quando os cabelos tivessem crescido pelo menos até as espáduas.
  • Entre 25 e 40 anos os homens participavam plenamente na vida dos adultos, sendo admitidos nos bandos guerreiros. Sua participação nas reuniões com velhos lhes dava acesso à memória da sociedade Tupinambá. As mulheres desse grupo ocupavam-se de numerosas e cansativas ocupações domésticas e cuidado da educação dos filhos, podendo, também, participar de várias cerimonias em conjunto com os homens.
  • A partir dos 40 os homens podiam tornar-se chefes e líderes guerreiros e chegar a condição de pajés. As mulheres presidiam um conjunto de trabalhos domésticos, carpindo os mortos e exercendo a função de mestras para a iniciação cientifica.

A Educação Colonial

  • Iniciou em 26 de Abril de 1500.
  • Apoio imprescindível das ordens religiosas.
  • Os primeiros frades a fixar morada aqui no Brasil, entre 1503 e 1516 foram trucidados pelos índios.
  • Entre 1534 3 1537 chegam outros franciscanos, dessa vez integrados a armada.
  • Desenvolvem grande obra catequética com os índios.
  • Os frades percorriam aldeias indígenas em missões volantes, unindo a catequese à instrução.
  • Constituíam recolhimentos que funcionavam em regime de internatos, como verdadeiras escolas que ensinavam, além da doutrina, a lavrar a terra e outros pequenos ofícios.
  • Com a chegada de mais franciscanos ao longo dos tempos, a Ordem total do Brasil foi instaurada em 1585, quando foi fundada em Olinda a primeira Custódia do Brasil com o Convento que recebeu o nome de Nossa Senhora das Neves de Olinda.
  • A visão jesuítica de ideais pedagógicas prevaleceu.
  • Os franciscanos não lograram configurar um sistema educacional uma vez que vinham em pequenos grupos e permaneciam pouco tempo em cada região.
  • Em 1581 se estabeleceram definitivamente os beneditos, outra ordem religiosa que construiu um mosteiro em Salvador. Seguindo fundaram mosteiros em Olinda, Rio de Janeiro, Paraíba, Paraíba do Norte e São Paulo.
  • Os beneditos não tinham a instrução como sua meta principal. Porém, segundo Dom Lourenço de Almeida Prado (apud Mota, 1984, p. 121), “o surgimento dos colégios de S. Bento foi uma decorrência humana da vitalidade e virtualidade da Regra, mas não uma previsão determinada”.
  • Outras ordens religiosas se fizeram presentes, como os carmelitas, mercedários, oratorianos e capuchinos.
  • Enquanto jesuítas foram enviados em determinação do rei de Portugal e apoiados tanto pela Coroa português como pelas autoridades da colônia, as demais congregações religiosas operaram de forma dispersa e intermitente, sem apoio e proteção oficial, dispondo poucos recursos humanos e materiais, apoio da comunidade eventualmente e, eventualmente das autoridades locais.
  • Por conta dessa situação, os jesuítas vieram a exercer o monopólio da educação nos dois primeiros séculos da colonização.
  • Para alguns, o período de 1570 a 1759 é considerado um “período heroico”, por conta do ensino organizado.
  • Em 1759, com a expulsão dos jesuítas, o Brasil sofreu uma reforma de ensino, ou, uma destruição pura e simples de todo o sistema colonial do ensino jesuítico.
  • O Plano educacional jesuítico iniciava-se com o ensino da língua portuguesa, prosseguindo com a doutrina crista, a escola de ler e escrever, e opcionalmente, canto orfeônico e música instrumental.
  • Culminava, de um lado, com o aprendizado profissional e agrícola e, de outro lado, com a gramatica latina para a realização de estudos superiores na Europa (Universidade de Coimbra).
  • Nóbrega buscou implantar seu plano de instrução sobre uma extensa cadeia de colégios nas povoações litorâneas, cujos elos seriam o colégio da Bahia ao norte e são Vicente ao sul.
  • Por ordem dos próprios indígenas da Bahia o plano de Nóbrega incluía também um projeto de educação para o sexo feminino, e que não foi sancionada pela metrópole.
  • A principal estratégia utilizada para a organização do ensino tinha em vista agir sobre as crianças. 
  • Para isso mandou vir de Lisboa meninos órfãos, para os quais foi fundado o Colégio dos Meninos de Jesus da Bahia e, depois, o Colégio dos Meninos de Jesus de São Vicente.
  •  Através da mediação dos meninos brancos, pretendiam atrair os meninos índios, por meio deles, agir sobre os pais, em especial os caciques, convertendo toda a tribo para a fé católica.
  • Nóbrega estava atento a necessidade de prover as condições materiais dos colégios jesuíticos, envolvendo a posse de terras para a construção dos mesmos, a sua manutenção, o que implicava suprir víveres que envolviam a criação de gado e o cultivo de alimentos como a mandioca, o milho, arroz, a produção de açúcar, de panos e, para realizar regularmente essas tarefas, a aquisição e manutenção de escravos.

Por Juliano Bgass.

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