sábado, 30 de agosto de 2014

Pesquisa na Feira do Palco de Feiras!



O passeio na feira hoje foi diferente, decidimos não apresentar o experimento que tínhamos combinado e então resolver ir só comprar e conversar com os feirantes. Ao invés das personagens transitarem na feira, nós percebemos nos feirantes a própria autoestima refletida em ações simples, mas que compreendemos que já é um potente atravessamento poético.
       A primeira banca que fomos, foi a banca das flores, do seu João. Lá a gente estava querendo escolher um presente para os personagens, já que os mesmos se pareciam tímidos em adentrar na feira. Vimos as flores, escolhemos, não compramos no primeiro momento, conversamos com amigos que encontramos e pensamos... em primeiro passar por toda a feira, olhar e observar todos. Fomos até o outro lado da feira e, na volta, viemos comprando alimentos: banana, depois da banana escutamos o assobio característico de um dos feirantes, chegamos até ele e compramos beterrabas, ele comentou que as alfaces estavam frescas, e então as levamos.
      E assim seguimos até o fim da feira, olhando alimentos, percebendo as pessoas que passaram pela feira, sentindo os cheiros... de maçã, bergamota, cebola. Vimos hortênsias grandes, compramos gengibre, até que chegamos na banca das feirantes... que já conhecemos de outras idas. Elas estavam arrumadas, principalmente uma delas, com olhares diferentes e, o mais interessante e que nos saltou aos olhos é que elas estavam escutando música. Isso nos chamou a atenção, pois nessa feira nunca havíamos escutado nenhuma música ou grito, é uma feira silenciosa. E esse dia foi um dia diferente. Elas comentaram: “a gente não conseguiu ouvir vocês na última apresentação, mas a gente consegue escutar daqui.” Isso para nós foi como se tivéssemos tocado elas de alguma forma, e numa banca que não havia música hoje já havia música.
    Logo em seguida fomos para a banca das flores para comprar as flores para os personagens, conversamos com o seu João, ele comentou: “Eu colho as flores, hoje em dia ninguém quer trabalhar no campo... querem tudo ser doutor”. Trouxemos as flores para a sala de trabalho, nos perguntando se o seu João tem consciência da beleza de seu próprio trabalho, do quanto ele se faz presente de uma forma ou de outra, em outros lugares para além da feira.
 Lembramos da cebola que ganhamos na última mostra e pensamos sobre o valor que ela tem, por todo o trabalho anterior para que aquele produto tivesse na feira, e que ainda não comentamos para a feirante que nos deu, que ela foi plantada.
Então conseguimos ensaiar, os personagens surgiram com características destes feirantes, com os quais conversamos e que são fonte da nossa inspiração. Sentimos crescimento em termos de fluidez e organicidade nas cenas e ao fim, deixamos na sala o vaso com as flores colhidas pelo seu João. As flores do seu João foram nosso estímulo nesse momento, entre um personagem e outro, era como se conversávamos com as flores. Elas foram espectadoras de nosso ensaio.


Texto de Lumilan Noda e Tatiana Duarte atores do projeto Palco de Feiras! que estreia no dia 12 de setembro na rua Alberto Rosa na feira ás 10h pela manhã.
Evéééé´´eéé esperamos VOCÊS

post por Tatiana Duarte

Nenhum comentário:

Postar um comentário