quarta-feira, 19 de junho de 2013

Serão dez apresentações do Olhar do Outro em escolas... uma delas no campo!

A novidade é que a partir da próxima semana nós, equipe do Boca de Cena, estaremos circulando com o espetáculo Olhar do Outro por dez escolas da rede pública de ensino, a maioria delas em Pelotas. Será uma oportunidade de troca imensa com esses espectadores - estudantes do ensino médio - e minha expectativa está em saber como esses jovens nos perceberão, se sentirão algum cruzamento com suas vidas ou não, e, caso sim, que cruzamentos são esses, se háverá ou não identificações deles com as vivências dos personagens Nina, Arkádina, Trigorin e Trepliov ou mesmo conosco, já que nesse trabalho a maior parte do tempo estamos sendo nós mesmos, ao expressarmos nossas identificações com as relações de amor, reconhecimento, fracasso e angústias que os personagens trazem consigo. O que pensarão a respeito disso, desse elemento performativo de estar sendo eu mesmo em vez de ser um personagem.

Uma das apresentações será no interior da cidade onde nasci (Herval), num lugar chamado Basílio, em frente a uma estação ferroviária antiga que não está mais em funcionamento. Fico pensando na atmosfera, nas intensidades que surgirão pelo fato de que será próximo do campo, bem como na atmosfera da nossa obra inspiradora A Gaivota, que também acontece no campo. 

Árvores e um arroio a poucos passos dali, o som do vento, o frio da noite, as intuições, a emoção (se vier), o arrepio e a tremedeira que já não se sabe mais se é por causa do frio ou por estar estreiando num lugar aonde as pessoas me conhecem e me viram crescer e por isso a sensação de ter que agradar, o Trepliov que fala através de mim ou seria eu que falo através dele? já nem sei mais...
E a lua? será que estaremos em lua cheia? será que começaremos a peça exatamente as oito e meia quando a lua subir e estiver bem no meio?  tudo isso me soa  bonito. 

Além disso, estaremos compartilhando a oficina "Corpos Projetados". Ela explora, ao mesmo tempo em que aproxima o espectador de o que foi o nosso trajeto para a construção do espetáculo, o hibridismo que aparece no Olhar do Outro e que é característico do Projeto Boca de Cena. Conexões entre vídeo, teatro e performance guiarão o nosso processo criativo.



Lumilan Noda

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